terça-feira, 29 de maio de 2012

A insatisfeita

E ela não queria mais sentir. Ela sempre tinha desejado ser feliz, amar um amor de forma incondicional. Ela queria acreditar que podia. Acreditar que se podia ser feliz. E acreditou. Por anos ela acreditou que não precisava de muito para ser feliz. Acreditou que o motivo para o muito estava no pouco. E em parte, não era mentira. Ela sempre teve alguém que a amasse, mas algo dentro dela gostava de sofrer, de derramar lágrimas. As lágrimas lavavam a sua alma. Diferente do que se pensava, não levava junto à esperança. E ela não queria mais sentir. Ela não queria ser o que era, ou o que pensava que era. Era bom ser amada, mas ela queria outros, sempre queria mais. Não se contentava com o fácil, com o bonzinho, com o que trazia flores. Ela queria o de olhos azuis que vinha com uma boca rosada e carnuda. Ela queria o bonzinho que nas horas vagas a maltratasse. Ela não suportava muito a ideia do homem ideal lhe trazer flores. Porque receber algo que ia morrer? As flores eram sempre lindas, exalavam um ótimo perfume, mas sempre murchavam. E assim era o que ela sentia. Sempre acabava, sempre tinha um fim. E então, ela decidiu. Não queria mais sentir, não ia mais sentir.

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