sábado, 17 de novembro de 2012

Fernandiase



Hoje fui acordado no meio da noite. Acordado pelo meu companheiro de todos os dias. Mas dessa vez não fui acordado por sorrisos ou caricias. Dessa vez não fui acordado por abraços apertados e pernas quentes. Mesmo que eu quisesse isso não seria possível, meu companheiro de todos os dias falou mais alto. Minto, falou porra nenhuma, ele gritou, fez um escândalo, quase que se dilacerou. E mesmo eu passando a mão, chorando, implorando para que ele parasse, ele me dizia: Não, hoje você vai sofrer.
E eu obedeci.  Mas não porque quis. Que eu seja claro, bem claro. Obedeci porque eu nasci assim. Eu tenho esses ataques. Aliás, ele tem esses ataques. Ele escolhe um dia que era pra ser feliz e me manda ir deitar, ou acordar, ou andar pela casa, ou qualquer coisa que eu não quisesse fazer, mas ele manda em mim. E então, quando eu penso que está tudo tranquilo, quando estou ali felizinho ele me diz: Hoje você vai sofrer mais um pouco.
E então eu fico me perguntando o que eu fiz ao meu estômago para ele fazer isso comigo. E então, quando estou desacreditado de tudo, de qualquer cura, ele me diz, como se estivesse sorrindo, que sim, que existe uma cura. Disse que ha duas opções de cura para todos esses meu anseios, para minhas dores. Como se fosse um órgão normal, ele me diz: Se hoje você cansou de sofrer, lhe apresento duas formas de cura. Chocolate e amor. Coma, coma bastante chocolate, adoce cada momento, e ame, ame muito, mas muito mesmo. Faça com que seja doce.
E se você se identificou, sinto lhe informar caro amigo. Você também sofre do mesmo mal que eu. Alguns diriam que isso é alguma gastrite emocional, mas estariam enganados. Você sofre de Fernandiase. Fernandiase aguda. E a única cura é a mistura de muito amor com pequenas grandes doses de chocolate. E então caro amigo, lhe digo: Que seja doce, faça com que seja doce. E nós sabemos. Vai ser!