quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A bela encantada

E não era mais uma historia que começava com “era uma vez”. Ela tinha medo das histórias que assim começavam, por isso decidiu que na nova página tentaria começar com “em um dia feliz” ou até mesmo “a menina que era feliz para todo o sempre”. Ela corria da madrasta cruel que tentava destruir a sua inocência, fazendo-a acreditar que um coração poderia ser arrancado por um caçador. A bela encantada acreditava que poderia colocar um sorriso no rosto da tenebrosa velhinha. Acreditou que poderia fazer as pessoas brilharem tanto como brilhou uma maçã cheia de rancor e crueldade. Decidiu que nem o príncipe encantado teria chances de obter o seu coração por inteiro. Não que ela não quisesse ser feliz ao lado de alguém que jurasse amá-la para todo o sempre, mas é que o que ela tinha em mãos era puro demais para ser entregue a alguém que um dia ia murchar como as flores do jardim. O que ela tinha em mãos era puro e sincero demais para ser carregado por uma pessoa descuidada. E então ela tomou uma sabia decisão. A bela encantada decidiu que a única pessoa que merecia ter o seu coração era ela mesma.

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